As receitas aqui postadas são todas livres de glúten.
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Um lindo texto sobre a Condição Celíaca

Achei o texto tão bacana que estou postando para que todos possam ler!
Escrito no blog  http://dradenisemairesse.blogspot.com.br/2010/03/nao-contem-gluten-ufa.html
Autoria - Drª  Denise Mairesse 

Não contém glúten. Ufa!

Não contém glúten. Ufa!Quem ainda não leu ou escutou sobre o mais novo vilão do século XXI: o glúten? Contém glúten ou não contém glúten é um enunciado presente na maioria das embalagens dos alimentos industrializados. Trata-se de uma proteína encontrada em alguns cereais, como o trigo, a cevada, o centeio, o malte e a aveia, e causa grandes danos a quem é alérgico. Pessoas com esse problema são portadoras da doença Celíaca, mal que, em função de inflamação no intestino delgado, compromete as vilosidades responsáveis pela absorção dos nutrientes.

Você que não tem restrições ao glúten e é um amante de gastronomia italiana, já se imaginou resistindo a uma pizza ou lasanha como a da “nona”? Você que adora viajar e frequentar lugares exóticos, experienciar outras culturas a partir dos seus sabores, já imaginou precisar perguntar a cada prato quais ingredientes foram usados, como foi preparado, se havia algum glúten passeando por perto da caçarola no momento em que seu camarão estava sendo preparado, ou mesmo saltitando no avental do chef?

Comer fora de casa, nesses casos, torna-se uma aventura nem sempre vibrante, pela superação dos desafios, mas um suplício pelo enfrentamento de “caras e bocas” dos garçons, gerentes, “chefs” de cozinha e clientes quando o interrogatório sobre os pratos se inicia. Taxado muitas vezes de neurótico obsessivo, hipocondríaco ou simplesmente chato, os portadores da doença Celíaca são vítimas de preconceito e alvo de piadas. A dor física e psíquica gerada pela presença da alergia, se curada pela não ingestão do glúten (único tratamento existente), é substituída pelo sofrimento da condição do “ser diferente”, como se não bastasse a saudade que a falta do sabor dos alimentos inflige. A saudades daquele gosto do bolo de chocolate que a mãe preparava para o lanche junto com os amigos ou para o piquenique no parque. O do cachorro quente, entrada principal no cardápio das festinhas de aniversário, o da pizza de domingo, da macarronada instantânea dos acampamentos. Na cultura judaica, em que se comemora o “Pessach” em torno das refeições regadas a “matzá” e “kneidales”, alimentos a base de trigo, também deixam sua marca saudosa. Ou seja: como ser judeu sem comer o “matzá”? Ou ser cristão sem receber a hóstia?

A restrição total ao glúten traz um grande sofrimento para algumas pessoas, principalmente para aquelas a quem os alimentos têm um lugar de afeto e prazer primordial na vida. Assim, os primeiros tempos de descoberta da doença exigem não somente uma elaboração em torno da experiência nutricional e gastronômica, mas da própria identidade e dos valores atribuídos à vida. Nas reuniões sociais é necessário deslocar o prazer dos quitutes servidos para focá-lo no que, desde então, essas ocasiões explicitamente propõem: boas conversas, música, dança ou outras formas de lazer. Muitas vezes, esses propósitos são esquecidos por estarem recobertos por um tipo de apelo emocional dos alimentos. Este é um dos modos de descobrir o quanto se poderia, até ter se deparado com o problema com o glúten, estar se perdendo e o que se passa a ganhar com um outro olhar sobre a vida. Ela torna-se híbrida, mais colorida, divertida. A sociabilização adquire novos sentidos, não se aceita mais comodamente qualquer companhia ou passeio. O tempo e o espaço passam a trazer experiências que não podem mais ser camufladas por uma fatia de torta ou por um copo de cerveja. O que passa a estar em jogo é o que entra e sai pela boca em forma de palavra, de discurso − nem mesmo a pipoca do cinema, que raramente contém glúten, consegue se sobrepor ao gosto pelo filme. O sabor só se sustenta pelo meio e não mais vice-versa.

Assim, se realiza o “luto” por “velhos sabores”, já que alguns são perdidos para terra do “nunca mais”, mas que também oferecem lugar a essas novas experiências. E, também, ao resgate de sabores que deveriam sempre fazer parte constante do nosso dia a dia. Como os das frutas da época, deliciosas como só elas. O sabor de um feijão bem feito, como o da “tia Anastácia”, ou dos doces campeiros que encontramos com fartura: a ambrosia, o pudim de leite, as compotas e muitos mais que guardam em si um gostinho de casa da vovó.

Portanto, é fundamental lembrar mais do que se ganhou do que se perdeu, passar a valorizar os novos sabores, as novas receitas, outros velhos paladares muitas vezes esquecidos. Lembrar que, muitas vezes, no momento do interrogatório nos restaurantes teve alguém que se preocupou, fez questão de pesquisar ou preparar algo especialmente para você. Que existem pessoas que respeitam a diferença e que nesse momento você também passará a respeitá-las e valorizá-las mais, não somente as pessoas, mas a própria diferença. Que estar nessa condição é difícil, mas também pode ser especial pelas possibilidades originadas. E, enfim, lembrar que se você optar pela vida apesar de sua condição de imperfeição ao invés de vivê-la na melancolia pela intolerância com sua própria falta, perceberá que em sua condição de humano e ser faltante se tornará realmente belo. Efeito do brilho que você adquire quando vive plenamente todas as suas possibilidades.

Este artigo foi originalmente postado na minha coluna no site Portocultura.com.br, mais precisamente na página http://www.portocultura.com.br/moda/index.php?id=55&idNot=6404.


O que é Doença Celíaca?




O que é a doença celíaca?   

A doença celíaca é uma condição crônica que afeta principalmente o  intestino delgado. É uma intolerância  permanente ao glúten, uma proteína encontrada notrigo, centeio, cevada, aveia e malte. Nos indivíduos afetados, a ingestão de glúten causa danos às pequenas  protrusões, ou vilos, que revestem a parede do intestino delgado. Esta condição possui outros nomes, tais como espru celíaco e enteropatia glúten-sensível.

A doença celíaca é considerada uma desordem autoimune, na qual o organismo ataca a si mesmo.Os sintomas podem surgir em qualquer idade após o glúten ser introduzido na dieta.

Quais são os sintomas da doença celíaca?

Os sintomas intestinais incluem diarréia crônica ou prisão de ventre, inchaço e flatulência, irritabilidade, e pouco ganho de peso. Os pacientes podem apresentar atraso de crescimento e da puberdade, anemia da carência de ferro, osteopenia ou osteoporose, exames anormais de fígado, e uma erupção na pele que faz coçar chamada dermatite herpetiforme. A doença celíaca também pode não apresentar nenhum sintoma.

Como a doença celíaca é diagnosticada?

A doença celíaca pode levar anos para ser  diagnosticada. Os exames de sangue são muito utilizados na detecção da doença celíaca. Os exames do anticorpo anti-transglutaminase e do anticorpo anti-endomísio são altamente precisos e confiáveis, mas insuficientes para um diagnóstico.  A doença celíaca deve ser confirmada encontrando-se certas mudanças nos vilos que revestem a parede do intestino delgado. Para ver essas mudanças, uma amostra de tecido do intestino delgado é colhida através de um procedimento chamado endoscopia com biópsia (Um instrumento flexível como uma sonda é inserido através da boca, passa pela garganta e pelo estômago, e chega ao intestino delgado para obter  pequenas amostras de tecido).

Como é o tratamento da doença celíaca?

O tratamento consiste em evitar por toda a vida  alimentos que contenham glúten (tais como pães,cereais, bolos, pizzas, e outros produtos alimentícios, ou aditivos, que contenham trigo, centeio, aveia e cevada).  Medicamentos e outros produtos também podem conter glúten. Assim que o glúten é removido da dieta, a cura costuma ser total. Apesar da dieta sem glúten parecer extremamente difícil a princípio, algumas famílias tem tido muito sucesso com ela. É possível substituir as farinhas proibidas por fécula de batata, farinha de milho, amido de milho, polvilho doce ou azedo, farinha ou creme de arroz,  farinha de araruta ou  fuba´. Nutricionistas e grupos de apoio podem ajudar as famílias a se ajustar a essa dieta radical. Mesmo assim, pode levar vários meses até que elas se acostumem com a dieta sem glúten.

O que você pode esperar do tratamento?

Os pacientes podem começar a apresentar melhora 1 ou 2 semanas após o início da dieta. A intolerância à lactose causada pelo dano intestinal também diminui. Na maioria das pessoas, os sintomas desaparecem e a parede do intestino se recupera totalmente de 6 a 12 meses após o início da dieta sem glúten. Nas crianças, o crescimento  volta ao normal. Visitas regulares a um nutricionista e a uma equipe de profissionais de saúde com experiência no tratamento da doença celíaca são importantes para ajudar a manter a dieta e monitorar possíveis complicações.  Apesar de algumas pessoas serem capazes de voltar a consumir glúten sem sintomas imediatos, elas não “superaram” a doença celíaca, e não estão “curadas”. A dieta sem glúten deve ser seguida por toda a vida.

doença celíaca é comum?

Estima-se que 1 em cada grupo de 100 a 200 pessoas nos EUA e na Europa tenha a doença celíaca ( no Brasil ainda não há um número oficial sobre a prevalência da DC, mas numa pesquisa publicada pela UNIFESP - 2005, em um estudo feito com adultos doadores de sangue, o resultado  apresentou incidência de 1 celíaco  para cada grupo de 214, moradores de São Paulo).

Quem corre o risco de contraí-la?  
As pessoas com maior risco de contrair a  doença celíaca são aquelas que têm diabete do tipo 1, doença autoimune da tiróide, síndrome de Turner, síndrome de Williams, ou parentes com a doença celíaca. Você pode ter a doença celíaca mesmo sem fazer parte de um dos grupos de maior risco.

Texto traduzido de material do Centro de pesquisa da doença celíaca da Escola de Medicina da Universidade de Maryland.

 



FENACELBRA  -  Federação Nacional das Associações de Celíacos do Brasil -